quarta-feira, 25 de maio de 2011

A ação (des)educativa do "nós pega peixe"


A reportagem que foi ao ar na sexta-feira 20/05/2011, exibida pelo Jornal Nacional (JN), na Rede Globo, sobre o livro de língua portuguesa aprovado pelo MEC Por uma vida melhor, da Ação Educativa, trouxe grande repercussão e despertou várias discussões.
Devido à maneira como foi exposta, a reportagem não deixou explícita a real intenção e o conteúdo do livro. Não revela claramente que o livro é destinado à Educação de Jovens e Adultos (EJA) e apresenta uma versão distorcida da maneira como a norma padrão é trabalhado. O JN, além de se embasar em apenas dois exemplos, ainda se utiliza deles para fazer críticas a um assunto que desconhece. De forma bem tendenciosa, induz seu público a criticar a autora do livro (Heloisa Ramos), a editora, o Plano Nacional de Livro Didático (PNLD), o MEC e a qualidade da escola pública e gratuita.
Em seu primeiro capítulo, trata de diversos temas, tais como preconceito linguístico e as diferenças entre falar e escrever. Esses temas já são discutidos de início para que o educando possa compreender que a variedade que ele utiliza será respeitada. Isso porque a maioria dos estudantes da EJA não teve oportunidade de frequentar a escola no tempo considerado adequado, por diversos motivos, e por conta desse descompasso idade/escola se sentem bloqueados para expressar pela norma padrão suas opiniões, tanto oralmente como na escrita. Aliás, a norma padrão só é utilizada por uma pequena parcela da população e em situações formais.  Para romper com o medo que os jovens e adultos têm de se expressar, o capítulo Escrever é diferente de falar salienta que existem variações nos falares dos brasileiros. O livro, ao contrário do que a mídia colocou, é sim baseado na norma culta, está de acordo com a Lei de Diretrizes e Bases (LDB) e não foge a nenhum requisito para ser um livro didático de qualidade. 
Qualquer pessoa que tenha um pouco de conhecimento sobre como a língua portuguesa surgiu no Brasil e como se transformou no que ela é hoje sabe que as variedades influenciam na língua e que devem ser respeitadas, pois é graças a elas que nosso idioma é tão rico. Infelizmente, o padrão de qualidade tão propalado pela TV Globo mais uma vez deixou a desejar.

Alun@s da Licenciatura em Linguagem e Comunicação, Língua Portuguesa 2009, UFPR- Litoral

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