segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

Tênis ou livros

 Por Jaime Folle - 07/12/2010
Quando presenteamos com um livro, estamos caminhando com a cabeça.
Quando presenteamos com um tênis, estamos caminhando com os pés. 
A questão fundamental está nas bases culturais de um povo que caminha mais com os pés do que com a cabeça. A caminhada com os livros demora e exige tempo e persistência, coisa rara nos dias de hoje. Por isso, estamos com as mentes mais pisantes do que de pensantes.
Dar um livro de presente é cafonice, coisa ultrapassada. Tênis é moderno e elegante. A repercussão disso está nos bancos escolares, onde os alunos que galgam os postos acadêmicos mal sabem escrever e têm enormes dificuldades em criar e pensar. Coloque em prova alunos
recém formados no mercado de trabalho para ver os resultados! É desesperador! A falta de leitura e qualidade na escrita, num teste realizado com os acadêmicos pela Empreender Recursos Humanos, constatou que o vocabulário destes alunos mal chegava a duzentas palavras.
Por que gastar R$ 25,00 num livro se posso comprar um tênis de R$ 350,00? Basta assistir aos principais canais de televisão aberta para ver a quantidade de promoções de tênis, enquanto que propaganda de livros nem existe.
Desde pequenos, os pais preferem investir nos pés do que na cabeça de seus filhos e forçam os colégios a passarem o filhinho de ano. Precisa ver o desespero dos professores no final de ano para agüentar a pressão dos pais para que seu filho não seja reprovado.
Quando na universidade, na maioria delas, o aluno não é mais aluno, ele passou a ser um cliente. Já que o ensino superior de uns anos pra cá é um grande mercado formador de mentes pisantes e não de mentes pensantes. São fábricas de diplomas de pouca formação, isto é, certifica, mas não qualifica e nem justifica. Basta ver a quantidade de conselhos de classes profissionais exigindo uma prova escrita, para dar a carteira profissional, isto é, a pura prova da falta de qualidade nas faculdades.
São reflexões para os pais e os poucos profissionais da educação de mentes pensantes, para que reflitam em suas comunidades a importância do livro na vida de seus filhos e alunos.
* Jaime Folle, consultor, formado em Administração e Marketing.

segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

Cineducação em quadrinhos


Por Manassés Firmino¹


 Publicado pela Editora Univille, o livro “Cineducação em quarinhos”, de Nielson Modro, trata de um assunto muito sério: a relação aluno professor. Em substituição de um professor, Modro se viu dentro de uma sala de aula com um DVD em mãos. Ele chama isso de operação “tapa buraco”, ao perceber que o recurso que ele dispunha era insuficiente, pois, o filme além de já ser conhecido pelos alunos, não tinha nada a ver com a aula.
A partir disso, Modro tem a ideia de criar o projeto Cineducação. “Em 2003, formou-se uma turma e o trabalho foi principalmente para a análise de aspectos de produção cinematográfica, crítica e ligação entre cinema e literatura”.
Dentro desse projeto foi publicado o livro “Cineducação em quadrinhos”. Ele relata que as escolas têm se mantido do mesmo modo desde que foram formadas como instituição de ensino. De uma maneira simples e divertida, Modro trata esse assunto.

 
 1. Acadêmico  Manassés F Lourenço do curso de  Linguagem e Comunicação turma 2009

sábado, 4 de dezembro de 2010

Utilização do filme como ferramenta didática

Resenha do livro Cineducação em Quadrinhos

Emanuelle Kassab Zanon¹


Cineducação é um projeto que visa à utilização de uma linguagem diferenciada e contextualizada com a realidade. Possui dois canais de comunicação na internet: um site (www.modro.com.br/cinema), em que tem um acervo de filmes analisados e podem ser utilizados didaticamente em sala de aula e uma comunidade na rede social Orkut, que permite discutir e analisar os filmes indicados por eles.
Dentre as ações desse projeto temos a publicação do livro “Cineducação em Quadrinhos” (Univille, 2006, 79 páginas), que tem por autor o professor Nielson Ribeiro Modro e ilustrador Paulo Kielwagem. É voltado ao público docente, apresenta a utilização de filmes como recursos didáticos em sala de aula e mostra também a trajetória do projeto, desde a idéia inicial até a  sua aplicação.
O livro é atraente, apresenta seu enredo em forma de HQs (história em quadrinhos) que são divididos em seis capítulos, em que o autor descreve as experiências que o levaram para o desenvolvimento desse projeto: criar um canal de apoio didático, para professores, para utilização de filmes em sala de aula.
Modro inicia sua obra explicando o mundo dos quadrinhos, porque utilizá-los e ressaltando que eles podem ser uma forma divertida de se aprender. Em seguida  parte para a contextualização do leitor em relação aos elementos que serão abordados no livro, descreve o que é uma sala de aula. Para ele, independentemente dos avanços tecnológicos a sua padronização não mudou muito e apesar de existirem alguns recursos na escola, mesmo que defasados, muitos professores ainda não sabem aproveitar deles para tornar suas aulas mais dinâmicas e atraentes. É nesse momento que o autor cita os recursos midiáticos, até mesmo para se trabalhar de maneira interdisciplinar.
No terceiro capítulo o professor mostra como surgiu essa idéia e descreve os fatos que ele vivenciou em uma sala de aula que não era a dele, ou seja, Modro precisou substituir outro professor e lhe foi pedido para passar um filme aos alunos. Ao se deparar com uma sala de aula repleta e a recusa dos alunos em assistir ao determinado filme, o que não seria a primeira vez, o professor simplesmente deixou com que eles fizessem o que queriam. Partindo dessa experiência surgiu à idéia de analisar produções cinematográficas e a ligação entre cinema e literatura, um dos trabalhos realizados nessa fase foi a de buscar alguns filmes que poderiam ser utilizados em sala de aula. Porém ele foi mais longe, desenvolveram um projeto de um site na internet que disponibiliza essas informações.
No quarto capítulo podemos ver que o filme não deve ser banalizado, tapa buraco em aulas vagas, mas também o professor deve ser criterioso e cuidadoso no momento de suas escolhas; saber criar a ponte entre conteúdo e filme, mas também não exagerar no uso dessa ferramenta. O autor cita alguns tipos de professores: os que utilizam o filme para apenas ter tempo livre para si; os exagerados que se deslumbram com a ferramenta e a utilizam sem controle, causando efeito negativo nos alunos e os professores que não aceitam as inovações, sempre achando desculpas para a não utilização dos filmes.
Explicada essa etapa do processo Modro parte para instruir o leitor na utilização do filme como recurso didático, sempre ressaltando que é apenas um complemento das aulas e que o principal elemento ainda é o professor. São várias questões que podem ser complementadas através dos filmes, desde questões geográficas até contextualização épica. “A idéia é que o filme funcione como suporte e auxílio didático. Proporcionando ao aluno o despertar do espírito de pesquisa. Não se limitando apenas às aulas e ao conteúdo do livro didático. Mas procurando outras fontes de pesquisa.” (Modro, 2006, pg. 54).
A obra é finalizada com a apresentação do site do projeto, sua estrutura e a biografia de cada integrante do Cineducação, bem como a Universidade Univille.
Esse livro é bem dinâmico e divertido, a escolha pelo gênero textual HQs possibilitou essa leveza nos conteúdos, porém não perdendo o foco. A linguagem é atual, de fácil entendimento. Suas divertidas ilustrações nos fazem refletir, em muitos momentos, na própria postura que temos em sala de aula. A equipe do projeto acertou na escolha da abordagem e do tema. É muito importante que nos dias virtualizados de hoje os professores possam ter um canal de apoio e auxílio na utilização das ferramentas didáticas. Aqueles que não buscam alternativa para envolver os alunos e não conseguem reciclar seus conhecimentos mantém a forma tradicional de educação, que em nada é atrativa e eficaz.
O autor Nielson Ribeiro Modro nasceu em Terra Boa, interior do Paraná, mas reside a mais de vinte anos em Joinville, Santa Catarina. Formado em Letras na Univille, com Pós-graduações em Língua Portuguesa (FESSV-RJ) e Língua Portuguesa e Literatura Brasileira (Univille) e Mestrado em Literatura Brasileira (UFPR). Professor há quase vinte anos, sendo deles dez de docência universitária. Responsável pela disciplina eletiva de Literatura e Cinema e pelo projeto Cineducação, da Univille. O projeto conta com a publicação de mais dois livros: Cineducação: usando o cinema na sala de aula. Casamarca, Joinville, 2005 e Cineducação 2: usando o cinema na sala de aula. Univille, Joinville, 2006.


Referências
Modro, Nielson Ribeiro. Cineducação em quadrinhos. Univille, Joinville, 2006.

1.      Acadêmica do curso de Linguagem e Comunicação, turma 2009 da Universidade Federal do Paraná – Setor Litoral.

sexta-feira, 3 de dezembro de 2010

Para toda a vida


Blog Entre Mulheres e Letras
Fêmeas, mulheres, histórias, palavras, letras, literatura e a escrita
combinam entre si. Antes mesmo das máquinas de fotografar, os olhos
dos pintores já registravam a bela natureza que envolve a mulher e a
leitura. Que podem ser vistas assim, como que num abraço, para toda a
vida. Pois tudo que nasce e floresce desse encontro fica eternizado na
arte e no coração dos que se deixam seduzir pela mágica desse momento.
Não deixe de visitar:
http://entremulhereseletras.wordpress.com

Cinema na escola

Por Pricilla L. Soares¹



No início do livro “Cineducação em quadrinhos”  é relatado como foi a escolha do formato de história em quadrinhos (HQs) para se falar do Projeto Cineducação, enfatizando ser esse um método diferente, divertido, que inclusive pode auxiliar didaticamente.
Posteriormente é comentado como as salas de aula continuam com o mesmo formato desde os primórdios. O que mudou é que hoje há mais recursos tecnológicos e sempre se está procurando novas formas para ensinar. Relata que ao menos 50% das escolas municipais e estaduais já possuem Laboratório de Informática e que praticamente todas já possuem recursos visuais como televisão, vídeo/DVD para auxiliar o ensino e a aprendizagem em sala de aula. Já nos colégios particulares a realidade é outra, pois além de existirem equipamentos adequados e em maior quantidade, eles são utilizados com mais freqüência.
O grande problema é que hoje há muitos professores despreparados, que não conseguem acompanhar os interesses dos seus alunos. Outro fato é que por não conseguir utilizar adequadamente os recursos que dispõe, o professor não consegue fazer com que seus alunos se interessem por suas propostas. A questão é que para utilizar um recurso como um filme didaticamente, é necessário se fazer uma ligação com as disciplinas estudadas, inclusive possibilitando um trabalho interdisciplinar, interligando vários temas.
De acordo com o autor, vivemos em uma sociedade imagética, em que a base das informações é por meio visual. O filme pode ser um estímulo para uma aprendizagem mais ampla sobre determinado assunto, mas o professor deve fazer parte desse processo e saber o que está fazendo, tornando-o uma poderosa ferramenta didática. Dentre os vários trabalhos nessa área, o Cineducação é um deles.
A idéia do Cineducação surgiu a partir de uma experiência que o professor Nielson Modro vivenciou quando teve que cobrir a falta de um professor no início de 2001. Com isso, ele percebeu como alguns professores subestimam o valor desse recurso, pois lhe foi pedido que passasse um filme em uma turma, só que ela já havia assistido o filme três vezes naquele mesmo ano.
Em 2002 surgiu a idéia de ofertar uma disciplina eletiva no curso de Letras da Univille: Literatura e Cinema. Um ano depois formou-se uma turma, focando o trabalho para a análise de aspectos de produção cinematográfica, crítica e a ligação entre cinema e literatura. Um dos trabalhos desenvolvidos na parte final do curso era buscar por filmes que pudessem ser utilizados em sala de aula com finalidade didática. Surgiu então a idéia de um projeto de um site na internet para disponibilizar essas informações. O acadêmico Luís R. de Vargas Valério, ao realizar as buscas por filmes e não achar material disponível, de qualidade e em quantidade suficiente sugeriu o que viria a se transformar no Cineducação.
O projeto, apresentado no final de 2003, teve aprovação e em sua primeira etapa, ocorrida durante o ano de 2004, teve a busca por filmes e a disponibilização das pesquisas realizadas em um site, desenvolvido pelo acadêmico de Design Roy R. Schulemburg. No final de 2004 foi ao ar a primeira versão do Cineducação, com 50 filmes disponíveis para usuários específicos. Já no início de 2005 o site foi disponibilizado para qualquer usuário interessado no assunto. Seu enfoque inicial foi quanto a conteúdos das disciplinas de Literatura e História. Posteriormente, o objetivo foi ampliar ainda mais a gama de possibilidades didáticas, sugerindo filmes a serem utilizados em aulas de várias disciplinas, proporcionando ainda uma possibilidade de interação entre os diferentes campos do conhecimento.
Dentro do Projeto Cineducação foi desenvolvido o livro Cineducação em Quadrinhos, voltado a professores com o intuito de esclarecer a importância da utilização de filmes como uma boa ferramenta didática, desde que utilizado como recurso auxiliar e complementar em relação às aulas, proporcionando ao aluno o despertar do espírito de pesquisa, não se limitando apenas às aulas e ao conteúdo do livro didático.
O projeto também tem um site (www.modro.com.br/cinema) que possui dezenas de filmes sugeridos, contendo sua ficha técnica, um breve resumo da obra e algumas possíveis linhas de trabalho; além disso, uma comunidade no Orkut. O que há são algumas possibilidades de leitura, cabendo ao professor expandi-las durante as aulas.
O livro foi publicado pela Editora Univille, sendo muito adequado por ter uma linguagem acessível, com boas ilustrações e tratando do assunto de uma forma assertiva.

Cineducação em quadrinhos. Nielson Ribeiro Modro; ilustrações Paulo Kielwagen. Joinvile, SC: UNIVILLE, 2006.

quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

Ensino de língua estrangeira e socialização do saber: abrindo caminhos para a cidadania

Cristiana Tramonte 

(professora no Centro de Educação da Universidade Federal de Santa Catarina- Brasil)

A questão da democratização do conhecimento tem feito parte dos debates sobre os rumos da Educação Brasileira no desafiador contexto do século XXI,  que exige redefinições de valores e comportamentos. A chamada Era da Informação delineia um quadro ao mesmo tempo promissor e sombrio, cuja preponderância de uma ou outra perspectiva dependerá de inúmeros fatores, mas certamente, é fundamental o papel do professor e da educação em geral neste contexto. O acesso ao conhecimento torna-se, crescentemente, uma das maiores exigências no campo da cidadania. No Brasil, esta necessidade se acirra, devido aos longos períodos de elitização educacional, exclusão e desigualdade social. 
O acesso às línguas estrangeiras tem um importante papel neste processo. Se levarmos em conta a extensão continental do país, e sua “solidão linguística”  na América Latina, veremos que o desafio de acessar a outras línguas estrangeiras, extrapola o âmbito da diversificação de instrumentos de comunicação, e diz respeito a uma possibilidade de uma perspectiva intercultural em seu sentido mais amplo. Ou seja, no monolingue contexto brasileiro, cujos fossos culturais são profundos, ter acesso a uma língua estrangeira consolidou-se historicamente como um privilégio de poucos. Trata-se de reverter esta tendência, com iniciativas que visem a extensão do acesso de outras parcelas da população ao conhecimento de uma língua estrangeira, como uma estratégia de democratização do saber.

A superação das desigualdades: algumas perspectivas

 A superação da desigualdade de oportunidades de acesso ao conhecimento é um aspecto relevante quando falamos de uma realidade tão excludente quanto a brasileira. O alargamento do universo cultural é um direito de cidadania e  pode ser a justificativa por excelência da importância do ensino de línguas estrangeiras nas escolas públicas, composta em sua maior parte por indivíduos oriundos das classes populares, excluídos do acesso às riquezas produzidas pela sociedade e marginalizados em termos culturais.
O domínio de língua estrangeira auxilia o educando  em seu processo de auto-afirmação, recuperação ou afirmação da auto-estima, à superação do sentimento de impotência que tão freqüentemente acomete os indivíduos das classes populares nos processos educativos na realidade brasileira. Daí a importância de iniciativas que contemplem, entre seus objetivos, o alargamento deste campo de conhecimento a uma parcela maior da população. Os estágios de Prática de Ensino de Língua e Cultura Italianas mencionados privilegiam esta perspectiva.      
Entretanto, não é somente o universo populacional que deve ser alargado, mas também o campo das ofertas em língua estrangeira, garantindo inclusão da diversidade cultural. Trauer (1991) destaca que "um diálogo entre culturas, seus estereótipos, semelhanças e diferenças tem sido o preâmbulo para oportunizar o diálogo em situação comunicativa, motivando o aluno a expressar seu ponto de vista e aprender de forma ativa a língua" (p.25). Entretanto, torna-se negativa quando existe uma relação política, econômica e cultural com o país de origem da língua, que pressupõe uma relação de superioridade e uma conseqüente geração de complexo de inferioridade. O ensino da língua estrangeira com uma perspectiva democratizante deve contribuir para superar esta relação, construindo uma visão intercultural que horizontalize a valoração das mais diversas contribuições culturais mas negando a hierarquia entre as mesmas. 
Soares (1988) tratou das questões vinculadas à relação entre linguagem/ cultura/ ideologia e relações de poder vinculadas ao aspecto cultural. A superação do sentimento de inferioridade cultural ocorrerá exatamente por um trabalho de desmistificação junto ao educando, no sentido de esclarecer serem os fatores de ordem sócio-economica - e não cultural ou lingüístico - os que classificam as classes populares como cultural e linguisticamente inferiores, dando margem aos preconceitos de diversos tipos. Este sentimento de inferioridade é um dos obstáculos afetivos ao aprendizado da língua estrangeira. “A falácia da privação lingüística e cultural deve ser explicada...isso evitará, por um lado, interferências na identidade cultural do aluno e, por outro, coibirá uma visão colonialista...do Brasil.” (p.36).

Fonte: http://www.naya.org.ar/congreso2002/ponencias/cristiana_tramonte2.htm