terça-feira, 30 de novembro de 2010

Um ato de coragem

Na noite de quarta-feira (24/11/2010) realizou-se mais uma edição do FICH - Festival de Interações, Culturais Humanísticas, e com um ato de muita coragem o Coletivo Leque se fez ouvir. Esse Coletivo que tem a representação de professores e alunos tem lutado contra qualquer tipo de discriminação, dentro e fora, na UFPR Litoral. Buscam promover a discussão e análise de todas as questões voltadas a gênero, sexualidade e poder.
No momento de sua apresentação no FICH, o coletivo representado na pessoa do aluno Rafael Serrati fez a leitura de um texto, produzido pelos próprios integrantes do grupo, manifestando sua posição e reafirmando a luta contra qualquer tipo de preconceito. Apresentaram ainda uma performance artística de uma Dragquem , Rayca Spootinick, artista local que realiza suas apresentações em Paranaguá.
Segue abaixo uma cópia do texto:



Boa Noite a Todas e a Todos.

Manifesto de alunas e alunos, professoras e professores, de todas e todas que lutam pela defesa dos direitos das pessoas LGBT e por uma UFPR Litoral sem homofobia, lesbofobia, transfobia, sexismo, machismo e racismo!
Michel Foucault, Beatriz Preciado, Eve Sedgwick, Monique Wittig, Adrienne Rich, Zigmunt Bauman, Guacira Lopes Louro são algumas de nossas inspirações e de nossas reflexões. Autoras e autores moventes, que fazem mover e que nos mobilizam à ação, ao enfrentamento, ao deslocamento, à ruptura, à subversão, à desnaturalização, ao encontro com o outro, ao encontro com a diferença! Autoras e autores que nos alimentam, que nos incitam, que nos desestabilizam e que nos ensinaram nesses meses que passaram que:
Nenhuma identidade é fixa, imutável, estável.
Nenhuma sexualidade é natural, ontológica, universal.
Nenhum gênero é seguro, confortável, unívoco e inequívoco.
Nenhum desejo é biológico, verdadeiro, gratuito.
 É em vista disso que desde o início de 2009, algumas acadêmicas e alguns acadêmicos, algumas professoras e alguns professores que se propuseram a discutir temas que perpassem o gênero e a sexualidade, se utilizaram dos espaços das ICH para promovê-los.
Ocorre que já na quarta edição da ICH Gênero, Sexualidade e Poder, estes mesmos sujeitos se organizaram em um coletivo denominado “Leque”. Este coletivo é inédito na história da UFPR, que, mesmo sendo a universidade mais antiga do Brasil, ainda não tinha um coletivo de estudantes imbuídos do desejo de fazer militância pelos direitos LGBT.
Talvez alguns se lembrem que ano passado, um acadêmico homossexual da UFPR foi espancado por um grupo de neonazistas, ficou inconsciente e precisou fazer várias cirurgias de reconstrução da face. Nós, acadêmicas e acadêmicos do Coletivo Leque, não queremos passar por situação parecida para termos que nos mobilizar.
A instituição UFPR como um todo têm um caráter conservador, que pode ser notado pela invisibilidade desta temática em fóruns ou debates, projetos de extensão, projetos de pesquisas de professores e, até mesmo, em módulos e discussões em sala de aula.
Acreditamos que o projeto político- pedagógico do Setor Litoral, possibilita um leque de possibilidades para a promoção de políticas públicas e a articulação de debates.
Pensando na perspectiva multidisciplinar e na crença do protagonismo estudantil, o Coletivo Leque deseja institucionalizar-se como fruto das políticas pedagógicas do Setor e das ações de algumas professoras e professores, uma vez que este coletivo nasce como reflexo das ICH.
Nesse semestre que passou, algumas de nossas ações foram:
Leituras e Discussões de textos sobre gênero e sexualidade
Participação no 8º ENUDS – Encontro Nacional Universitário de Diversidade Sexual
Realização de palestra sobre "Homofobia nas Escolas e a Constituição de Movimentos LGBT, com a Presidenta do Grupo Dignidade Rafaelly Wiest.
Constituição e implantação das primeiras ações do Coletivo Leque
Finalizando, lembrar que a homofobia, além de causar tristeza e violência simbólica e física, é a causa de inúmeros assassinatos que colocam o Brasil na lista dos países onde há mais crimes de ódio contra homossexuais no mundo.
Enquanto organização estudantil institucionalizada há apoio para levantar esta bandeira e lutar por uma universidade menos homofóbica e mais plural.

Coletivo Leque

2 comentários:

Andressa disse...

A apresentação realmente foi maravilhosa, deixou varias pessoas na plateia de boca aberta, concordo com o que nosso amigo Rafael leu, e tambem sou contra a homofobia ou qualquer outra violencia contra o ser humano... Parabens ao Grupo

Emanuelle Kassab disse...

Oi Andressa, realmente a apresentação foi maravilhosa e a meta foi alcançada, a de provocar discussões. Todo e qualquer tipo de preconceito é horrível e é contra isso que o coletivo luta.

Emanuelle

Postar um comentário

Deixe aqui sua opinião.