quarta-feira, 29 de setembro de 2010

Coesão e Coerência

Schayane Lunkmoss
Linguagem e Comunicação 2009. 

             Irandé Costa Antunes, em seu livro “Lutar com as palavras: coesão e coerência”, afirma que um texto coeso é aquele que tem uma sequência, em que todas as partes estão ligadas: “O que é dito em um ponto se liga ao que foi dito noutro ponto (...) Cada segmento do texto está  preso a pelo menos um outro. Quase sempre, cada um está preso a muitos outros.”

E mais, traz que a função da coesão é de estabelecer laços para ligar os vários segmentos do texto, pois “Reconhecer que um texto está  coeso é reconhecer que suas partes não estão soltas, fragmentadas, mas estão ligadas unidas entre si.” E também que essa função é a de promover a continuidade do texto, ou seja, que cada segmento esteja ligado a outros e que não haja pedaços soltos que não se juntem a nenhum outro.
As ligações que se vão estabelecendo são necessárias para que seja possível a interpretação e que elas não acontecem somente na superfície do texto. Na realidade elas acontecem implicitamente, pois os conceitos do que se quer escrever já estão naturalmente nas intenções pretendidas por cada um: “ Não escolhemos uma palavra ou um conjunto de palavras para a partir daí produzir um enunciado. Pelo contrário, temos algo a dizer, ou melhor, temos algo a fazer dizendo e , então, escolhemos as palavras que nos parecem adequadas.”
A autora também fala sobre como a escola reduz o desenvolvimento dos alunos para a escrita ao pedir para que eles formem frases a partir de uma palavra. Esse tipo de exercício não favorece  a produção textual, pois os estudantes só aprendem a formar frases soltas e por causa disso, na hora de produzirem textos, não conseguem que sejam coesos. Ou seja, não conseguem dar  continuidade para escrever seus textos. Ela chama esse tipo de atividade de exercício da não – linguagem.
Quando o assunto é coerência, ela traz que para um texto ser coerente deve que fazer sentido. E essa coerência não é exclusivamente linguística nem se prende somente nas determinações gramaticais da língua. Ela precisa de tais determinações, mas as ultrapassa, sendo que o limite é em função dos efeitos pretendidos, das formas pelas quais se escolhe as palavras para expressar algo. Assim,  a coerência é uma propriedade que tem a ver com as possibilidades de o texto funcionar como uma peça comunicativa, como um meio de interação verbal. Por isso, ela é, em primeira mão, linguistica. Não se pode avaliar a coerência de um texto sem se ter em conta a forma como as palavras aparecem, ou a ordem de aparição dos segmentos que o constituem. O texto supõe uma forma material, e essa forma material supõe uma organização padronizada definida.
E não somente isso, como já foi dito anteriormente, pois a coerência depende do que se pretende dizer e de que forma será a interação com o interlocutor. Ou seja, ela depende também de outros fatores e não somente daqueles internos da língua, uma vez que  “Não é a língua que comanda totalmente nossas atuações verbais. Pelo contrário, a decisão última, em qualquer texto, sobre o que e como fazê-lo, é sempre dos interlocutores (...) Não existe uma coerência absoluta, pura idealizada, definida fora de qualquer situação. A coerência depende da situação, dos sujeitos envolvidos e de suas intenções comunicativas.”
A autora também afirma que separar a coesão da coerência é inviável, pois a coesão é exigida pela própria continuidade do texto e a coerência é exigida da unidade de sentido do texto.  Assim, “O máximo que se pode dizer é que a coesão esta em função da coerência, no sentido de que as palavras, os períodos, os parágrafos, tudo, qualquer segmento se interliga no texto para que ele faça sentido, para que ele se torne interpretável.”
 E, por fim, afirma que é mais produtivo não se prender às diferenças entre a coesão e a coerência, mas sim cuidar no sentido do que se pretende dizer.

Referências: 
ANTUNES, Irandé. Lutar com as palavras: coerência e coesão.  2º ed. São paulo: Parábola Editorial, 2005.






1 comentários:

Unknown disse...

Realmente, concordo com a autora é inevitável coerência de coesão. Mas é de extrema importância que para se escrever com coerência e coesão uma das armas é que sejamos leitores.

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